Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho, invadiu a jaula do felino no zoológico de João Pessoa, na Paraíba
O diretor da Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, Edmílson Alves, fez um alerta sobre as condições psíquicas de Gerson de Melo Machado, apelidado de Vaqueirinho, dias antes do jovem invadir a jaula de uma leoa do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa (PB). O rapaz de 19 anos morreu ao ser atacado pelo felino, neste domingo (30/11).
Em suas redes sociais, o Selva, como é conhecido, falou sobre a situação do ex-detento da unidade prisional no dia 25 de novembro: “Quem conversar com Vaqueirinho 5 ou 10 minutos vai saber que ele não é uma pessoa normal. Ele tem problema, é acompanhado e tem laudo. O tempo que ele passou no presídio, foi sob medicação. Surtou várias vezes, se automutilou, bateu com cabeça na parede, porque ele é alguém que tem problemas mentais”.
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De acordo com o diretor, quando Gerson de Melo passou a pedir uma” caixa de som para cantar” quando deixou o presídio do Róger pela última vez. Sem sucesso, tentou furtar um equipamento: “Sempre envolvido em delitos de furto e dano. Dessa vez ele foi preso, teve um TCO (Termo Circunstanciado), mas o delegado liberou. O que ele queria de fato era voltar para o presídio, tanto que pegou uma pedra e jogou na viatura para provocar uma volta à delegacia porque, segundo ele, não queria mais ficar nas ruas. É muito delicada a situação”.
Em outro relato compartilhado nas redes sociais, desta vez já após o jovem invadir a jaula da leoa, ele lamentou o caso: “A gente falou tanto de Vaqueirinho. Fiz um vídeo falando da situação da cabeça dele, do que passamos no presídio e que ele era uma pessoa que precisava de ajuda e de tratamento. O local dele também não era o presídio, e a Justiça decidiu para ele ir para o Caps. O Caps não segura, ele fugiu”.
“Quando a gente foi levar o Vaqueirinho pra família, a avó disse que não tinha condições de ficar com ele. Ninguém da família queria. A avó não queria, o pai não queria, ninguém queria […] Ele não conheceu outra vida senão a prisão”.
Yves, identificado como chefe de disciplina do Presídio do Róger, também lamentou: “Sabíamos que era tragédia anunciada. Vaqueirinho sem o devido tratamento, sem acompanhamento, numa rua. Tá aí o resultado. Infelizmente a gente via que o raciocínio dele era de uma criança de 5 anos. Não processava tanto. Tudo era condicionado à troca, a bombons, algo do tipo, para poder ele não se rebelar. Precisava de uma atenção maior”.
Gerson de Melo Machado era esquizofrênico e tinha sintomas psicóticos ativos. Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, a família tem histórico de transtornos mentais e o jovem afirmava ter o sonho de domar leões na África. Ele tinha 16 passagens pela polícia, sendo 10 na condição abaixo da idade penal e outras seis acima dos 18 anos.


