Relatório enviado ao STF revela que parte dos policiais entrou na Operação Contenção sem câmeras corporais
O governo do Rio de Janeiro reconheceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que dezenas de policiais civis e militares participaram da Operação Contenção, ação que terminou com 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, sem o uso de câmeras corporais. O envio das informações foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pela análise da ADPF das Favelas.
A justificativa apresentada pela gestão de Cláudio Castro (PL/RJ) aponta que um defeito em uma das estações de carregamento deixou 32 câmeras inutilizáveis no momento da retirada dos equipamentos. Segundo o governador, diversos servidores relataram dificuldades técnicas logo antes da deflagração da operação. Outras 8 unidades sequer foram recolhidas por agentes devido ao tempo reduzido para saída das equipes, de acordo com o depoimento do coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira.
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De acordo com o relatório, apenas 60 policiais civis conseguiram atuar com câmeras operacionais, número bem abaixo do efetivo mobilizado pela unidade. No Bope, o cenário também chamou atenção: 77 câmeras para 215 militares. A Polícia Militar (PM) afirmou que distribuiu os equipamentos de forma que cada grupo tivesse ao menos um policial gravando. O governo disse ainda ter acionado a empresa responsável pelo sistema, que constatou a pane na estação de carregamento.
O relatório entregue ao STF não apenas detalhou as falhas no uso das câmeras, como também apresentou números que não coincidem com dados oficiais divulgados anteriormente. Moraes apontou discrepâncias em prisões, apreensões e informações operacionais.
No documento atualizado, o governo menciona 100 presos na operação, número diferente do que havia sido informado pela Polícia Civil, que apontava 99. Também revisou para 96 o total de fuzis apreendidos, após ter mencionado 93 anteriormente.
Após as divergências encontradas, Moraes exigiu a preservação de todas as imagens geradas pelas câmeras corporais, laudos necroscópicos das vítimas, registros das audiências de custódia, documentos de inteligência e a relação completa de presos com mandado ou detidos em flagrante.
A determinação se apoia no protocolo da ADPF das Favelas, que estabelece regras para operações policiais em comunidades, incluindo o uso de câmeras e o acompanhamento das ações por órgãos de controle. O governo fluminense garantiu que todas as informações solicitadas seriam enviadas de forma digital e dentro do prazo.



