No “Programa Flávio Ricco”, o cantor e compositor Jorge Vercillo faz uma reflexão profunda sobre o espaço da MPB e a valorização das canções nacionais nas emissoras de rádio atuais
Com 30 anos de carreira e uma trajetória marcada por sucessos que se tornaram trilhas de novelas, Jorge Vercillo fez uma reflexão sobre o espaço da Música Popular Brasileira nas rádios atuais. Em entrevista ao “Programa Flávio Ricco”, exibido nesta terça-feira (14/10), o cantor e compositor analisa o cenário musical e destaca a importância de valorizar o repertório nacional.
“A gente tem que escolher as guerras que a gente precisa lutar primeiro, né? Existe a música adulta, que é mais refinada harmonicamente, melodicamente e poeticamente. E a música popular, popularesca, que às vezes chega ao apelativo. Tem rádio que toca três internacionais para uma brasileira. Acho um erro, mas toca”, observa.
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O artista comenta ainda que, apesar da predominância de canções estrangeiras, as rádios adultas mantêm um repertório de alta qualidade, citando nomes como Stevie Wonder e Phil Collins, mas pondera sobre a repetição das mesmas faixas nas programações.
“A minha crítica às rádios adultas é que elas acabam repetindo muitas músicas. Uma vez, fui levado para um estande de rádio como um artista crossover que toca em todas as rádios e falei: ‘Amo rádio, devo minha carreira ao rádio! Só peço uma coisa: não toquem só ‘Que Nem Maré’, ‘Final Feliz’ e ‘Monalisa’. Não toquem só ‘Oceano’, do Djavan, ou só as mesmas do Phil Collins. Temos várias outras músicas de trabalho. O Gilberto Gil, por exemplo, não é só ‘Estrela’. Toca outras obras também”, pontua.
Vercillo ressalta, no entanto, o papel essencial das rádios adultas no fortalecimento de um público fiel e de um segmento musical consistente: “Essas rádios tocam Caetano (Veloso), Ana Carolina, Nando Reis, Lenine, Djavan, Seu Jorge e Rita Lee. É um segmento muito forte, que não tem esse estouro no popular, mas se mantém e precisa ser respeitado”.
Ao falar sobre as rádios populares, o cantor também destaca sua admiração pelo samba e pelo pagode: “As rádios populares tocam samba. O pagode carioca e paulista é muito musical. Eu admiro muito o trabalho do Belo, do Thiaguinho e do Péricles. Para mim, o Péricles é um dos maiores cantores do Brasil”.



